A história do Cine Kafuné se mistura com a história da Restinga, comunidade popular da periferia de Porto Alegre que já nasceu lutando pelo seu espaço ao sol. A vocação para promover e compartilhar a visão de mundo de quem têm menos voz e vez levou o coletivo local TV Nagô a deflagrar, em 2001, sua odisséia no audiovisual afirmativo. Essa jornada de democratização cultural junto a pessoas excluídas de todas as idades hoje ganhou a Cidade e já dura 23 anos.

Uma trajetória de projeções comentadas, oficinas, formações, registros, transmissões e intervenções em educomunicação e cultura livre foi então traçada na parceria com a rede do Fórum de Educação da Restinga e Extremo Sul (Feres) e a Associação Software Livre.Org. Em 2007, formalizou-se pelo Ministério de Cultura (Minc) como cineclube Cine Kafuné, iniciando uma série de exibições itinerantes para diferentes públicos do RS, a partir do acervo audiovisual do Minc e de produções independentes.

Em parceria com os governos, realizaram-se inúmeras sessões comentadas em escolas municipais, estaduais e federais da Restinga e de Porto Alegre. A colaboração com os movimentos sociais, especialmente os que voltados a pessoas negras, indígenas, mulheres, LGBTQIAPN+, com deficiências levou o Cine Kafuné a festivais, feiras e eventos culturais e sociais da Cidade e do País, como FSM, FST e outros. Mais de 70 mil olhares, assim, transformados.

E nem a pandemia parou o Cine Kafuné. O impedimento para as atividades presenciais em 2020 foi oportunidade para mergulhar em uma experiência virtual que só diversificou a sua atuação. Do aprendizado das oficinas audiovisuais dos últimos anos nasceu o Lab. Kafuné, articulando um potente coletivo negro/indígena/LGBTQIAPN+ em torno de saberes audiovisuais. Criou-se o canal do Cine Kafuné no YouTube, permitindo acesso às suas produções, além deste site.

Em novembro de 2023, o Cine Kafuné teve sua trajetória reconhecida pelo Ministério da Cultura, sendo contemplado com o título de Ponto de Cultura, em nível nacional.